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LA BIENNALE DI VENEZIA ANUNCIA LEÃO DE OURO PARA LINA BO BARDI

O reconhecimento pelo conjunto de obra para a primeira mulher brasileira e a primeira no mundo com obra construída foi recomendado pelo arquiteto Hashim Sarkis, curador da Biennale Architettura 2021, e aprovado pelo Conselho de Administração da Biennale di Venezia

Veneza, 08 de março de 2021 – A arquiteta italiana naturalizada brasileira receberá – in memoriam – o Leão de Ouro Especial pela trajetória e conjunto de sua obra durante a 17a Mostra Internacional de Arquitetura de La Biennale di Venezia. Segundo Hashim Sarkis, Lina Bo Bardi é a arquiteta que melhor representa o tema do evento deste ano: Como viveremos juntos? / How will we live together?. “Sua carreira como designer, editora, curadora e ativista nos lembra o papel do arquiteto como construtor de visões coletivas. Ela também exemplifica a perseverança da arquiteta em tempos difíceis, sejam guerras, conflitos políticos ou imigração, e sua capacidade de permanecer criativa, generosa e otimista o tempo todo”, explica o arquiteto e curador sobre algumas de suas motivações para a nomeação.

Foto Bob Wolfenson

Waldick Jatobá, Diretor Executivo do Instituto Bardi, que cuida do legado de Pietro Maria Bardi e Lina Bo Bardi, e que tem como objetivo promover o estudo e a pesquisa nas áreas de arquitetura, design, urbanismo e arte popular brasileira, acredita que o reconhecimento irá fortalecer o trabalho que vem sendo feito desde 1990, principalmente por ser a primeira mulher brasileira, a primeira no mundo com obra construída, e também a terceira brasileira a conquistar um Leão de Ouro – Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha receberam as indicações em 1996 e 2016, respectivamente. “A nomeação será um divisor de águas não somente para a difusão nacional e internacional de todo um trabalho de vida, mas como também para a arquitetura brasileira em geral”, defende Jatobá, reforçando a tese de Sarkis de que o Leão de Ouro especial pelo conjunto de obra e trajetória de Lina é um reconhecimento há muito tempo postergado por uma carreira ilustre.

Esta edição da Biennale Architettura será apresentada em abril em formato digital e transmitida ao vivo no site da La Biennale e nas redes sociais, com abertura ao público prevista para 22 de maio de 2021. De acordo com a programação atual, na ocasião estarão presentes o Presidente do Conselho de Administração do Instituto Bardi Giuseppe D’Anna e a Diretora Cultural e arquiteta Sol Camacho, para receberem o Leão de Ouro durante a cerimônia de inauguração do evento.

Já no Brasil, a celebração está inicialmente programada para julho deste ano e seguirá de acordo com os protocolos de saúde e governamentais. “Este é um momento muito importante, pois celebramos os 70 anos da Casa de Vidro, primeiro projeto construído por Lina, onde hoje funciona o Instituto. Estamos planejando uma exposição coletiva sobre arquitetura no jardim da Casa de Vidro, seguindo a temática da Biennale, assim como o lançamento de um novo website que tornará o acervo do casal Bardi mais acessível ao mundo”, detalha Sol Camacho. A ocasião coincidirá justamente com a chegada do Leão de Ouro ao Brasil.

Giuseppe D’Anna expressou agradecimento à generosidade e reconheceu “como exemplar a visão de La Biennale di Venezia de premiar hoje a mulher multitalentosa que segue inspirando gerações de profissionais criativos no mundo inteiro e usuários de seus edifícios por igual”. Já, segundo Sarkis, são os edifícios poderosos projetados por Lina que se destacam pelo design e pela forma como unem arquitetura, natureza, vida e comunidade. “Em suas mãos, a arquitetura se torna verdadeiramente uma arte social que convoca à vida em comum”, finaliza o curador.

Ao recomendar este prêmio, Hashim Sarkis [1] expressou a seguinte motivação:

“Se há uma arquiteta que melhor encarna o tema da Bienal de Arquitetura 2021 é Lina Bo Bardi. Sua carreira como designer, editora, curadora e ativista nos lembra o papel do arquiteto como construtor de visões coletivas. Lina Bo Bardi também exemplifica a perseverança da arquiteta em tempos difíceis, sejam guerras, conflitos políticos ou imigração, e sua capacidade de permanecer criativa, generosa e otimista o tempo todo.

Acima de tudo, são os seus edifícios poderosos que se destacam pelo design e pela forma como unem arquitetura, natureza, vida e comunidade. Em suas mãos, a arquitetura se torna verdadeiramente uma arte social que convoca à vida em comum.

O Leão de ouro especial pelo conjunto de sua obra e trajetória é um reconhecimento há muito tempo postergado por uma carreira ilustre que se estendeu entre a Itália e o Brasil, por reviver o papel do arquiteto como um facilitador da sociedade e por uma mulher que simplesmente representa o arquiteto em seu melhor papel.

Lina Bo Bardi foi a arquitetura do compromisso comunitário, arquitetura entendida como um serviço coletivo, livre das amarras de qualquer escola de pensamento; uma arquitetura moderna e antiga ao mesmo tempo, popular, vernácula e culta, artesanal e não industrial, respeitadora da tradição mas também inovadora. Desde sua morte em 1992, a memória e o reconhecimento de seu trabalho são promovidos pelo Instituto Bardi sediado na Casa de Vidro através do acesso ao seu acervo e a promoção de atividades culturais.”

[1] Hashim Sarkis é um educador e arquiteto libanês. Professor e decano da Escola de Arquitetura e Planejamento do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Diretor fundador do Hashim Sarkis Studios e curador da Biennale Architettura 2021.

 

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