Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi foram figuras proeminentes no cenário cultural brasileiro. O casal promoveu diversas atividades de formação e produção no campo das artes, da arquitetura e do design. Juntos, doaram ao país o resultado de uma vida de trabalho pela arte e cultura brasileira.
Lina, arquiteta, desenvolveu projetos que renovaram a produção da arquitetura brasileira e contribuíram para uma mudança no pensamento arquitetônico no Brasil e no mundo. Pietro Maria, jornalista e marchand, foi um dos fundadores e, por décadas, diretor do Museu de Arte de São Paulo, uma das instituições de maior relevância no cenário brasileiro com um dos acervos mais importantes da América do Sul. Ao final de suas vidas, fundaram o Instituto Bardi, deixando a Casa de Vidro como sede da instituição.
O casal se conheceu ainda na Itália, em Roma, quando Lina – quatorze anos mais jovem que Pietro Bardi – estava ainda no início de sua carreira enquanto ele já era um intelectual conhecido pela defesa da arte e da arquitetura moderna. Em 1946 se casaram, partiram do porto de Gênova e chegaram ao Brasil a bordo do cargueiro Almirante Jaceguay, que atracou no porto do Rio de Janeiro. No ano seguinte, a convite do empresário e jornalista Assis Chateaubriand, se mudaram para São Paulo para fundar e dirigir o Museu de Arte de São Paulo, instituição que permitiu ao casal explorar suas visões e ideias sobre a arte, a arquitetura e a museografia.
Em 1948, em parceria com o arquiteto Giancarlo Palanti, criaram o Estúdio de Arte Palma, espaço dedicado ao projeto e desenho de mobiliário moderno e industrial. Lançaram as revistas Habitat (1950) – oficialmente vinculada ao recém fundado MASP e que se definia como a “revista das artes do Brasil” – e Mirante das Artes (1967), que traziam textos e reflexões sobre a produção cultural no Brasil, manifestando o interesse e a sensibilidade de ambos pela cultura artística e popular brasileira. Fundaram, em 1951, o Instituto de Arte Contemporânea, escola também vinculada ao MASP e uma das primeiras iniciativas de ensino de design no Brasil. Em 1951, naturalizaram-se brasileiros e se mudaram para sua nova residência recém construída no bairro do Morumbi em São Paulo: a Casa de Vidro, local onde moraram juntos até o final de suas vidas.
Juntos, desenvolveram inúmeros projetos, principalmente ligados à atuação de ambos frente ao Museu de Arte de São Paulo, mas também tiveram grandes obras realizadas individualmente. Lina teve significativa atuação nos campos editorial – dirigindo, escrevendo e ilustrando importantes revistas italianas e brasileiras -, museográfico, cenográfico e arquitetônico; desenvolveu e construiu projetos de arquitetura emblemáticos, tais como o edifício do MASP, a Casa de Vidro, o Solar da Unhão, a sede do SESC Pompéia, entre outros. Pietro, em paralelo à direção do MASP, sempre manteve sua atividade de ensaísta, crítico, historiador, pesquisador e galerista. É autor de inúmeros livros e atuou na direção e edição de diversos jornais e revistas.
Em 1990, Lina e Pietro fundaram o Instituto Quadrante – hoje Instituto Bardi/Casa de Vidro – com o intuito de “desenvolver isoladamente ou em conjunto com o Museu de Arte de São Paulo – Assis Chateaubriand – MASP e, ainda, com entidades nacionais e do exterior, atividades culturais e estudos relacionados com a história da arte e da arquitetura”, diretrizes que até hoje fazem parte dos objetivos do Instituto.
Com a morte de Lina, em 1992, e de Pietro, em 1999, o instituto se propôs a dar continuidade à atuação de seus fundadores, preservando e divulgando o importante legado artístico deixado por eles.